Em segredo É difícil controlar o desejo de te agarrar Quanto roças em mim, de te abraçar Quando olhas para mim, de te beijar Quando me sorris, bate-me o coração Com medo de sair do peito arde-me o corpo Com medo do desejo não quero pensar Não quero sentir, e tenho medo Do que pode não vir a acontecer Então... Sorris no meu olhar Que se perde no teu... E arrepia-me o toque suave dos teus dedos, Que se demoram sedutores na minha pele... Gosto do sabor a sal na tua pele Gosto do sabor a mar nos teus beijos Não quero sentir, e tenho medo Do que pode não vir a acontecer É no silêncio que me resguardo das palavras e dos desejos proibidos, e é num desassossego que te aguardo em segredo |
Não sou Poeta Eu que não sou poeta Queria fazer uma poesia. Uma poesia que falasse da vida. Das cores e das flores Dos pardais que cantam na tua janela. Eu queria fazer uma poesia. Uma poesia que falasse de amor. Que falasse de sonhos, De magias e de fantasias Que surgem nos nossos pensamentos. Eu queria fazer uma poesia. Uma poesia que falasse só ti. Que falasse dos teus olhos, Do teu sorriso e do teu pensamento Que guarda tanto segredo. Como não sou poeta Só posso dizer que gosto de ti, muito! |
Amo-te
Deslizo para ti e entranho-me completamente liberto de pudor, ao som de alguns mimos, pequenas histórias doces sobre caminhos, também algumas indecisões, e a esperança de um dia te pegar na mão e dizer-te que é certo que os teus olhos não enganam, que nas noites frias eu posso realmente cantar-te um canção e acalmar as tuas viagens, que as músicas que dançam na tua alma não são mais do que declarações de amor que te fiz e que arquivas com carinho, que não tens dúvidas do meu amor, porque de outra forma nunca acordaria ao som dos teus abraços, dos murmúrios de bons dias e dos “amos-te”, com que me presenteias manhã cedo, ou nunca me poderia espreguiçar no teu calor e no teu cheiro a jasmim que me dá força para mais um dia longe de ti, e que nunca poderia sentir arrepios por saber que vou estar oito horas a pensar no teu regresso para mais um abraço sem fim. Quando finalmente chegas, os nosso olhares são banhados por cores de delírio, momentos que esperam mas estremecem, a intensidade da noite escura onde nos temos, a calma do luar, o frio que fica à porta, o prazer e a luxúria de um mar intenso. |
Paleta de cores
De que cor são as pinceladas com que se pinta uma noite fria, ou um dia de primavera quando as noites são iguais aos dias, quando a escuridão se mistura com corpos que estremecem, que se devoram, que não perdem tempo. O que interessa se é o castanho avermelhado do deserto que arde de calor ou o branco brilhante e gelado que cobre rios transformados em estradas brancas, se é o vermelho dos campos de papoilas do Alentejo ou o amarelo com que preencho bocados da minha tela onde tantas vezes me renasço e te pinto com prazer. As pinceladas são ás vezes da cor dos corpos afastados, a textura é da intensidade do grito, a tonalidade é a do cansaço e da vontade constante que tenho de ter e não te encontrar. Pinto, embalo-te e passeio-te o corpo, procuro nele o mapa que desenhámos e que encurte a distância que nos separa, sei para onde vou mas nem sempre sei o caminho evidente, quero encontrar-te em cada esquina, viver-te a cada metro deste passeio longo, quase do tamanho de um abraço que se perde na ansia de te querer tocar eternamente. As cores das minhas pinceladas, se ainda não reparaste são da tonalidade de sorrisos cúmplices que te ofereço, as palavras que te escrevo são os meus olhos enlouquecidos pelas vezes em que não reparas em mim, os silêncios que guardo para mim são as minhas mãos que deslizam pelo desejo do teu corpo em movimento, os meus pinceis são os sussurros que te invadem e te tocam o corpo e te libertam do gelo de uma noite fria e absurdamente triste. As cores que coloco nas minhas telas, são os raios de sol na madrugada, são o nevoeiro da manhã junto ao rio, é a lua lá no alto em noite de calmaria é o instante preciso em que te salpico de orvalho e te digo mais uma vez que ........... |